O Diretor de Pós-Graduação da Faculdade São Leopoldo Mandic, Prof. Dr. Marcelo Henrique Napimoga, contesta a reportagem publicada na Carta Campinas, em 30 de janeiro de 2018, sobre o relatório “Research in Brazil”, que aponta que as universidades particulares não produzem conhecimento relevante no Brasil.
Marcelo Napimoga, que é também coordenador do Segmento das Instituições de Ensino Particular junto ao Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop), responde à reportagem no Jornal da Ciência, uma publicação diária da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que contém assuntos relevantes em educação, ciência e tecnologia (http://www.jornaldaciencia.org.br).
Confira a resposta abaixo e também no link:
“Em reportagem intitulada “Relatório mostra que universidade particular no Brasil não produz conhecimento”, o Jornal Carta Campinas apresenta uma interpretação errônea de um relatório encomendado pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes), distorcendo completamente os fatos e prestando um desserviço à nação. O referido relatório foi solicitado pela Capes para, por meio do uso de dados bibliométricos, avaliar o impacto da pesquisa brasileira no cenário internacional. Aliás, o estudo mostra pontos fortes e oportunidades para a política de pesquisa e para ciência brasileira. Entretanto, a jornalista da Carta Campinas, ao analisar o gráfico 39 do documento original, que apresenta a lista com as 20 primeiras instituições de Ensino mais destacadas em produção científica no Brasil, apresenta uma conclusão irresponsável e desfigura o que os dados mostram, concluindo que se não há nenhuma IES particular entre as 20 primeiras em produção científica, as Instituições de Ensino particulares não produzem conhecimento! Se seguirmos este pensamento linear errôneo, embasado no gráfico utilizado pela reportagem, dos 27 Estados, contando o Distrito Federal, apenas 12 produzem ciência no Brasil. Portanto, o título da reportagem poderia ser “Relatório mostra que 15 estados no Brasil não produzem conhecimento”! Um absurdo completo! Cabe aqui algumas reflexões.
Os programas de Pós-Graduação stricto sensu das IES particulares são historicamente mais jovens no Brasil. Atualmente, as IES particulares são responsáveis por mais de 18% dos programas de pós-graduação stricto sensu no país, contando com 12.600 docentes titulados em seus quadros, os quais estão vinculados aos programas de Pós-Graduação (dados extraídos do GeoCapes, referente ao ano de 2016). Para que um programa de Pós-graduação mantenha sua autorização de funcionamento, é mandatória a produção contínua e de qualidade de artigos científicos e demais produtos, como patentes, por exemplo, ao longo dos anos. A avaliação ao qual os programas de todas as IES particulares ou públicas são avaliados, utilizando as mesmas métricas, e há no Brasil inúmeros os programas de IES particulares com nota considerada de Excelência. Nesta métrica, com números sólidos e comprovados pela rigorosa avaliação da Capes, os programas de Pós-Graduação, após a avaliação quadrienal (2012-2016) estão classificados em estrato 5, 6 e 7 (elevada qualidade e excelência), somam 27,1% em Federais, 39,1% em Estaduais, 9,4% Municipais e 22,7% em Particulares.
Outro fato é que inúmeros são os egressos de programas de pós-graduação do país que são aprovados em concursos públicos e, portanto, tornam-se docentes de instituições públicas. Por estes e outros motivos não mencionados, não é possível que todos os 775 programas de Pós-graduação de IES particulares “não produzam conhecimento”, como alardeia a publicação. Este tipo de “notícia” ajuda a quem? A Educação e a Ciência &Tecnologia certamente, não. Este tipo de pensamento, infelizmente compartilhado por algumas pessoas que não vivenciam o ambiente universitário ou até mesmo do meio acadêmico, prejudica os esforços hercúleos que todos docentes e discentes, de IES públicas e particulares, têm feito para avançar na Educação e Ciência & Tecnologia do Brasil. Todos aqueles que estão a favor do Brasil, incluindo aqueles que escolheram e se dedicam pela Educação em uma IES particular, trabalhamos juntos pela qualidade e pela educação do Brasil e, sem dúvida, pela manutenção das IES públicas, e não desprezando as demais apenas devido ao seu status jurídico. Portanto, as IES particulares produzem ciência com qualidade, formam cidadãos capacitados para o mercado de trabalho. Aqueles que tentam dividir o segmento da educação superior, favorecem apenas aqueles outros que desejam desmontar a educação e a ciência brasileira”.