Simpósio aconteceu na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, e debateu a interface entre Odontologia e Medicina para diagnosticar e tratar problemas relacionados ao sono
Dr. Miguel Meira e Cruz, médico e cirurgião-dentista, é presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, e esteve neste sábado, dia 16 de fevereiro, na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, como convidado internacional do Simpósio “Sono: Interface entre Odontologia e Medicina”. Ele ministrou a palestra “Sono e Dor: Novas Fronteiras e Perspectivas”.
O especialista abriu sua apresentação afirmando que a Medicina do Sono é uma só. “Não gosto de ouvir falar em Odontologia do Sono. O paciente precisa ser visto de forma integral por vários profissionais diferentes”, opinou.
Ele prosseguiu a palestra falando sobre o que é o sono, os processos neurobiológicos e fisiológicos responsáveis pela sua regulação e explicou detalhadamente as suas fases. Em seguida, mostrou as razões pelas quais é preciso dormir e os malefícios causados pela privação do sono.
Dr. Miguel contou sobre o experimento realizado em 1964 por Randy Gardner, que ficou 264 horas sem dormir, o que equivale a 11 dias e 25 minutos. Randy tornou-se recordista do maior tempo que um humano já conseguiu ficar acordado, e pôde relatar os aspectos afetados pela privação do sono, como humor, memória, coordenação motora, atenção e fala, além de causar psicoses e alucinações.
Segundo o palestrante, estudos realizados em ratos evidenciam ainda que dormir pouco ou mal enfraquece o sistema imunológico, aumenta o estresse oxidativo, altera a temperatura corporal e a produção de neurotransmissores, provoca alterações endócrinas, favorece o aparecimento de problemas cardiovasculares, entre outros efeitos que afetam a saúde.
Tempo de sono
“É preciso tomar cuidado com os conceitos existentes sobre o tempo de sono adequado para as pessoas. É muito falado que 8 horas é o tempo ideal de sono e que se a pessoa não dormir isso ela tem insônia. Muitas pessoas acabam medicadas sem necessidade”, afirmou Dr. Miguel, ressaltando que o tempo ideal de sono diário pode variar entre 7 e 9 horas, de acordo com necessidades e características individuais, o que é comprovado por inúmeros estudos científicos.
Ele afirmou que é natural despertar à noite e voltar a dormir, mas que isso muitas vezes também é classificado erroneamente como insônia. “Todas as pessoas adultas acordam pelo menos uma vez à noite e voltam a dormir. Isso não é insônia e não afeta a saúde. Insônia é ficar acordado mais de meia hora e não conseguir voltar a dormir”.
Horário de verão
Dr. Miguel foi enfático ao afirmar que mudanças no horário de dormir e despertar – como aquelas provocadas pelo horário de verão – podem gerar consequências nocivas para a saúde, pois afetam o sono e o funcionamento de todos os sistemas do corpo humano.
“Essas mudanças de hora, que acontecem duas vezes por ano, têm efeitos significativos no sono e também muito sutis que afetam o ciclo circadiano das pessoas”, explicou. O ciclo circadiano é o período de 24 horas no qual acontecem as atividades do ciclo biológico dos seres vivos, e tem a função de ajustar o relógio biológico e controlar, por exemplo, o sono e apetite.
A palestra foi finalizada com a exposição sobre diagnóstico e tratamento das principais doenças relacionadas ao sono: insônia, doenças respiratórias, doenças do ritmo circadiano sono-vigília, parassonias, doenças do movimento e doenças centrais de hipersonolência.
Essa área é linda demais ,foi uma pena eu não ter ido nesse dia .Estava em outra atividade .Trabalho com. DTM dororofacial e sono e de fato existe uma linha muito tenue, entre as duas áreas . Ou seja em meu ponto de vista o paciente de dor tem que ser visto de forma interdisciplinar sempre com abordagens específicas referente ao sono.