A pesquisa fez uso de um tipo de terapia não invasiva na tentativa de aliviar queixa de dores na cabeça, na mandíbula ou nos músculos da face
Hábitos parafuncionais, como apertamento dental diurno ou noturno; apertamento de lábios; colocação de objetos entre os dentes; apoio de mão na mandíbula; bruxismo; roer unhas; mastigar de um só lado; chupar ou morder o dedo e apoiar a mão, são considerados no campo da Odontologia como fatores que sobrecarregam os músculos da mastigação, ATM (articulação temporomandibular) ou estruturas adjacentes, sendo um dos diversos fatores de risco para desenvolvimento das disfunções temporomandibulares.
Na contramão, existem diversos trabalhos científicos que apontam que as terapias não invasivas como a comportamental, conscientização dos hábitos, exercícios e modificações posturais são efetivas para o alívio das dores nestes indivíduos. Além disso, alguns estudos sugerem observar a má qualidade do sono como uma das variáveis para a intensidade da dor. Contribuir para que mais métodos de controle da dor sejam estudados, e observar como alguns fatores como qualidade do sono ou de atividades musculares podem influenciar diretamente no desenvolvimento de dor na região da face, foi o objetivo de um estudo realizado na Faculdade São Leopoldo Mandic, da aluna Késsia Karina Fernandes e orientado pelo Prof. Dr. Antônio Sérgio Guimarães.
A pesquisa fez uso de um tipo de terapia para aliviar a queixa de dores na cabeça, na mandíbula ou nos músculos ao redor. Nas sessões, foram dadas orientações verbais, escritas ou por meio da tela de um computador para os pacientes para evitarem e se conscientizarem de alguns hábitos que não devem ser feitos na sua rotina. Os resultados demonstraram que estas formas de orientação e controle ajudaram a diminuir as dores e que, além disso, também melhoraram o sono dos participantes da pesquisa.
Para a realização do presente estudo, os pacientes foram divididos em 02 (dois) grupos: um experimental, que realizou um treino pela técnica biofeedback de forma audiovisual, e o grupo controle, que obteve aconselhamento por meio de orientações verbais e impressas para controle de hábitos parafuncionais. Para analisar as variáveis do sono foram aplicados os questionários de índice de qualidade do sono, levando em consideração diferentes escalas científicas (de Pittsburgh (PSQI), escala de sonolência de Epworth (ESE), escala de sonolência de Standford (ESS) e índice de gravidade de insônia (IGI)).
Com base na metodologia empregada foi possível concluir que a disfunção Temporomandibular (DTM) é uma condição que apresenta sintomas variados, sendo a dor o principal motivo da procura por tratamento. O estudo apontou ainda uma forte relação entre sono e dor, logo esta deve ser considerada na abordagem e planejamento da terapêutica instituída para os pacientes com DTM. Por fim, com relação a ferramenta biofeedback, considerando os resultados obtidos e o fato de esta ainda ser pouco estudada nos indivíduos com disfunção temporomandibular, que tem como causa motivos diversos, mais estudos com esta técnica e/ou envolvendo outras variáveis são importantes para entender o real impacto desta no processo de tratamento.
Sobre o Instituto e Centro de Pesquisas São Leopoldo Mandic
O Instituto e Centro de Pesquisas São Leopoldo Mandic, em Campinas, foi constituído em janeiro de 2004, sem fins lucrativos, para realizar pesquisas na área de saúde, desenvolvimento de novas tecnologias, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnico-científicos, fomento à capacitação e treinamento de pesquisadores.
Conta com laboratórios de Cultura de Células, Microbiologia, Ensaio de Materiais, Patologia e Imunohistoquímica, Biologia Molecular e Terapia Celular, todos equipados com recursos de última geração. Até dezembro de 2018, foram 981 artigos publicados em revistas científicas indexadas em diferentes bases de dados, como PubMed e Scielo. O Laboratório de Patologia Bucal emitiu, gratuitamente, mais de 26 mil laudos de biópsias provenientes de tecidos da região, sendo 1.657 de carcinomas e 125 de outras neoplasias malignas, atendendo não só pacientes da região como de outros estados do Brasil e atualmente, recebe também material proveniente da África, especificamente de Angola.
Os recursos financeiros do Instituto e Centro de Pesquisas São Leopoldo Mandic para a realização de suas pesquisas são obtidos por meio de fomento direto pela Faculdade São Leopoldo Mandic, parcerias e convênios com empresas, contribuição de associados e em especial por fomentos obtidos pelos docentes do Centro através dos órgãos públicos como CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).