Hormônio também auxilia na produção óssea em ratos com osteoporose
Pesquisadores da Faculdade São Leopoldo Mandic acabam de concluir dois estudos que analisam os benefícios da melatonina na prevenção da perda óssea e atuação na formação óssea. De acordo com a orientadora da pesquisa, Profª. Drª. Daiane Peruzzo, a melatonina é um hormônio sintetizado fisiologicamente, principalmente durante o período noturno para regular o sono, e pode ser utilizado como suplemento por pacientes que possuem dificuldades ao dormir. “No trabalho, o hormônio foi analisado em duas situações – por meio de aplicação local; e por meio de uma aplicação sistêmica, a qual mimetiza a utilização da melatonina no cotidiano para dormir”.
Segundo a professora de Odontologia da Faculdade São Leopoldo Mandic, ambas as vias de administração mostraram resultados promissores em estudos em animais (ratas) e devem avançar para futuros estudos clínicos. “Como a melatonina é uma substância fisiológica (hormônio) ela pode ser uma forte aliada, pois não oferece efeitos colaterais conhecidos, nas doses indicadas, diferentemente de medicamentos que são ingeridos para regular um sistema do organismo e acaba desregulando outro”, explica.
Em um primeiro momento, o estudo seria apenas para avaliar o uso da melatonina sistêmica, porém a aplicação da melatonina local chamou a atenção da orientadora da pesquisa. “Ao remover um dente que precisa ser extraído do paciente, alguns dentistas aplicam a melatonina juntamente com o implante a ser instalado, a fim de otimizar a formação óssea. Então, ficamos curiosos e decidimos investigar o processo de como isso poderia acontecer”.
Aplicação local
Na parte da pesquisa da melatonina tópica, os pesquisadores aplicaram localmente a substância em “defeitos” criados no osso da calota craniana das ratas, os quais não cicatrizam espontaneamente, simulando a extração de um dente. Além disso, eles utilizaram dois grupos de animais, um composto de ratas saudáveis, e outro de ratas com osteoporose.
“Para nossa surpresa, observamos que a melatonina apresentou um efeito que contribuiu para a neoformação de osso, principalmente nas ratas com osteoporose”. Assim, esses resultados abrem um leque para diversas outras investigações.
Aplicação sistêmica
De forma sistêmica, a melatonina foi aplicada de maneira intravenosa por 30 dias para mimetizar o uso contínuo do comprimido em seres humanos, que o utilizam para melhorar a qualidade do sono. Neste estudo, Drª. Daiane usou a substância para avaliar o efeito na periodontite. Esta doença, por sua vez, acomete um grande número de pessoas, a qual se inicia pela ausência de cuidados adequados de higiene bucal, levando a um acúmulo de biofilme bacteriano, mais conhecido como placa bacteriana. Essa placa resulta na inflamação dos tecidos gengivais e pode evoluir para a perda do osso que sustenta os dentes, e os deixam com mobilidade.
“Na pesquisa, um grupo sistemicamente saudável (ratas normais) foi dividido em dois subgrupos, um que um recebeu a aplicação diária de melatonina e outro não. Em todos os animais, nós induzimos a periodontite de um lado da boca. Assim, fizemos o outro lado como controle”. Para a pesquisadora, foi possível verificar que o grupo que recebeu a melatonina sistêmica teve uma perda óssea significativamente menor do que o grupo que não recebeu a melatonina (apenas soro injetável).
Outra parte desse estudo, cujos resultados estão sendo analisados, foram realizados em ratas com osteoporose, a fim de verificar o efeito da melatonina, diante de uma condição que promove a perda óssea de forma sistêmica. Segundo a Drª. Daiane, apesar dos efeitos bastante promissores da melatonina, identificada nos resultados dessas pesquisas, mais estudos devem ser realizados, para que os benefícios sejam estudados com maior profundidade.