A correlação anatomoclínica é um método diagnóstico que confronta os achados em necropsias com aspectos clínicos do paciente em vida, além de ser uma técnica muito utilizada no ensino-aprendizagem da Medicina. Com o objetivo de desenvolver o raciocínio clínico e as habilidades semiológicas dos alunos, a I Jornada de Correlação Anatomoclínica aconteceu na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, no dia 1º de junho. O evento foi organizado pelo Centro Acadêmico de Medicina, da SLMANDIC, e contou com o apoio do Diretório Acadêmico de Medicina da PUC-Campinas.
A primeira palestra “História do método de correlação anatomoclínica” foi ministrada pela Prof. a Dr.a Maria Aparecida Barone Teixeira, do curso de Medicina da São Leopoldo Mandic. Ela começou a palestra relembrando oS tempos em que fazia a graduação na PUC-Campinas e a importância do GECAC (Grupo de Estudo em Correlação Anatomoclínica).
O GECAC foi criado na Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, pelo Prof. Dr. Sílvio Carvalhal, que iniciou suas atividades docentes em correlação anatomoclínica, em 1942, na Escola Paulista de Medicina. Ele foi o grande precursor deste método de ensino-aprendizagem em Campinas.
A professora contou que em 400 a.C surgiram os primeiros relatos que relacionavam a necropsia com o quadro clínico, e, desde Hipócrates, o confronto anatomoclínico é usado para aferição de diagnósticos. “A partir dessas informações podemos perceber o quanto a morte é fundamental para o aprendizado da Medicina”, ressaltou.
Demonstração do método
Em seguida, o Prof. Dr. Carlos Osvaldo Teixeira, do curso de Medicina, da SLMANDIC, preferiu a palestra “Demonstração do Método”. “A necropsia não serve apenas para fazer críticas ao cuidado que foi dispensado ao paciente, mas também é muito importante para a pesquisa científica”, afirmou Dr. Carlos.
Ele falou sobre os objetivos do método de correção anatomoclínica, que são: aferir os diagnósticos aventados à semiotécnica pela anatomia patológica; correlacionar a intensidade das lesões com graus de disfunção dos órgãos; aprimorar a capacidade crítica quanto às propostas de terapêutica medicamentosa e cirúrgica por meio dos achados anatômicos.
Dr. Carlos também mostrou a importância do método para a integração entre as áreas básicas da Medicina, a semiologia e a clínica; reciclar conceitos de anatomia, fisiologia e histologia; aferir diagnósticos clínicos e exames complementares; promover eficácia terapêutica; controlar de qualidade do ensino; pesquisar e resgatar o valor da necropsia.
Antes de terminar sua palestra, Dr. Carlos expôs, aos alunos da PUC-Campinas e da SLMANDIC presentes no evento, como é uma aula sobre pneumonias, utilizando o método de correlação anatomoclínica.
Insuficiência Cardíaca
A terceira palestra foi sobre “Substrato Anatômico da Insuficiência Cardíaca”, com o Prof. Dr. Pompeu Tomé Ribeiro de Campos, da SLMANDIC. Ele mostrou a definição de Insuficiência Cardíaca e suas causas, bem como as principais alterações nas estruturas cardíacas causadas por cardiopatias (isquêmica, por hipertensão, chagásica e por febre reumática).
Dr. Pompeu ainda falou sobre a fisiopatogenia da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (aumento do tônus adrenérgico e simpático e estimulação do sistema renina angiotensina aldosterona), os principais sintomas da doença, suas consequências e tratamentos.
Com relação ao tratamento da insuficiência cardíaca, Dr. Pompeu pontuou que, para a melhora dos sintomas congestivos, há indicação de diuréticos, e, para a falência da contração ventricular esquerda, são indicadas drogas vasoativas.
Sopros Valvares
Dr. Carlos Osvaldo Teixeira também falou sobre “Substrato Anatômico dos Sopros”, mostrando a semiogênese dos sopros, a diferença entre as valvas, como as válvulas do coração funcionam e como elas abrem e fecham. Sopros e ruídos sistólicos, sopros e ruídos diastólicos e diferenças entre sopro suave e rude foram temas abordados durante a palestra.
O professor enfatizou a importância da auscuta durante o exame clínico do paciente, e como os estudantes de Medicina podem aprimorar esta prática durante a graduação.
O evento prosseguiu com a palestra “Correlação Anatomoradiológica”, com a Prof.a Dr.a Maria Aparecida Barone Teixeira e o Prof. Dr. André Luis Barbosa Fernandes, e uma Discussão de Caso Clínico, com o Dr. Guilherme Amorim Souza Faria.