Alunos do curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas, realizaram neste último sábado, 17 de agosto, a IV Interligas de Pediatria de Campinas, evento que reúne as Ligas Acadêmicas de Pediatria de Campinas da SLMANDIC, PUC Campinas e UNICAMP, para discutir temas relevantes da área, com a participação de renomados profissionais.
Esta edição abordou alguns temas atuais do campo da Pediatria, como a AIDS na infância, autismo, movimento antivacina, cirurgias pediátricas e síndromes genéticas na infância.
Segundo Tathiane Neves, vice-presidente da Liga de Pediatria da SLMANDIC, “o encontro é uma oportunidade para os alunos discutirem sobre importantes e atuais temas da área da pediatria e de reunir as três Ligas acadêmicas da cidade”.
Na primeira palestra da manhã, a Dra. Regina Menezes Succi falou sobre AIDS na infância, e apresentou dados que mostram uma queda de 50% do número de infectados pelo HIV com menos de 5 anos de idade, entre os anos de 2007 e 2017. Em paralelo a esse crescimento está o aumento de gestantes no mesmo período: 6187 para 7882, porém, segundo a médica elas estão mais saudáveis, por isso a queda no primeiro índice.
Outro dado apresentado na fala da pediatra é que 90% dos casos de infecção por HIV em crianças ocorre durante a gestação e/ou parto. Vale lembrar que a AIDS é a consequência final da infecção, quando o corpo já está tomado pelo vírus e outras doenças se desenvolvem. Entre as principais doenças, no caso das crianças estão anemia, dificuldade de ganho de peso, candidíase, tuberculose, diferentes quadros respiratórios e linfoma.
“Hoje em dia há mais consciência em relação à doença, e menos preconceito, o que tem aumentado o cuidado por parte das gestantes em relação ao tratamento da infecção”, afirmou. E destacou que, mesmo quando o teste virológico de um bebê não indique infecção, é necessário que a criança seja acompanhada até os 15 anos para eliminar qualquer chance de desenvolvimento da AIDS.
Transtorno do Espectro Autista, a segunda palestra do dia, abordou diferentes aspetos da síndrome. Segundo Dr. Amilton dos Santos Junior, médico psiquiatra da Unicamp, foi relatada na literatura científica, pela primeira vez, em 1943, por Leo Kanner. Como descreveu o médico, nesse estudo, 11 crianças (9 meninos e 2 meninas) apresentaram “distúrbios autísticos do contato afetivo”, em outras palavras, a incapacidade de relacionar-se de formas usuais com as pessoas desde o início da vida”.
No ano seguinte, Hans Asperger, apresentou um novo estudo sobre a síndrome, dessa vez, reunindo os principais sintomas apresentados por crianças acometidas pelo autismo. A síndrome de Asperger – um estado do espectro autista, geralmente com maior adaptação funcional –, recebeu esse nome por ter sido descrita por Hans. O psiquiatra pontuou que atualmente a terminologia correta é TEA – Transtorno do Espectro Autista ou Autismo, e que este refere-se a uma série de condições caracterizadas por desafios com habilidades sociais, comportamentos repetitivos, dificuldade de fala, bem como todos os tratamentos que são necessários para uma melhor qualidade de vida da criança.
Em sua fala, doutor Amilton apresentou, ainda, diferentes casos clínicos com o objetivo de abordar as nuances do transtorno no dia-a-dia, e possíveis abordagens que fazem a diferença na rotina de quem tem o diagnóstico de TEA. Vale destacar que pais e profissionais acreditam que o diagnóstico só pode ser feito na fase dos dois anos de idade, porém, o psiquiatra defende que aos seis meses já é possível detectar alguns sinais do TEA.
“Quando um bebê acorda de madrugada e dificilmente chora, se aos seis meses de vida a criança não acompanha o olha da mãe quando esta vira o rosto durante a amamentação por exemplo, quando o bebê não manifesta interesse de sair do berço ao ver a mãe ao lado dele, esses são indícios de autismo”, exemplificou.
Após as palestras, foram realizados vários workshops práticos abordando a medicina legal, comunicação de más notícias, cardiopatias infantis, acidentes domésticos, entre outros.
Na parte da tarde, Dr. Roberto Teixeira Mendes falou sobre o Movimento antivacina e os impactos na saúde das crianças. Ele destacou os riscos deste crescimento para a saúde das crianças e adolescentes. Sobre o surto de sarampo, o aumento no número de casos não tem relação com o movimento, uma vez que este têm crescido entre as classes mais altas, que dificilmente irão usar o Sistema de Saúde. Assim, segundo ele, o crescimento da doença pode ser explicado pela insuficiência de vacinas no país.
O evento foi finalizado pelas palestras das Dras. Drª Rachel Sayuri Honjo Kawahira, que abordou a Investigação de Síndromes Genéticas na Infância e Dra. Patrícia Traballi de Carvalho Pegolo, que falou sobre as Emergências em Cirurgia Pediátrica.