Avaliação realizada em serviços públicos e privados de Goiás identificam pouco acesso às informações sobre saúde bucal, o que pode influenciar no surgimento de complicações durante a gestação

Um estudo realizado na Faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas, e orientado pelo Prof. Dr. Eduardo Saba-Chujfi, do Mestrado em Periodontia, avaliou o nível de informações repassadas para gestantes do setor privado e do setor público, e identificou que em ambos os serviços, as gestantes recebem pouca informação e suporte sobre saúde bucal e sua possível relação com complicações durante o período gestacional.

A avaliação foi realizada por meio de questionários aplicados nas dependências do Hospital Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI) – referência em atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)  e na Clínica e Maternidade Modelo, ambos de Goiás. A  pesquisa permitiu ainda identificar  uma enorme disparidade social, uma vez que as gestantes atendidas na rede privada possuem maiores níveis de escolaridade e emprego comparadas às gestantes atendidas na rede pública. Porém, foi constatado que apesar dessa disparidade, os níveis de informações repassadas a essas gestantes, em ambos os setores, são parecidos.

Durante visita às instituições para a aplicação do questionário, os pesquisadores puderam notar que os serviços não tinham cirurgião-dentista entre os profissionais, fato este que abre discussão para outro aspecto importante, como explica Andressa Cunha, autora da pesquisa. “A importância da presença de cirurgiões-dentistas dentro de hospitais e maternidades é necessária, uma vez que alguns estudos apontam para a necessidade de criação de um modelo ou protocolo de atenção básica em saúde bucal para gestantes, com o objetivo de melhorar a saúde bucal materno-infantil num âmbito internacional”. Para ela é de extrema importância que gestantes tenham acesso às informações e tratamentos odontológicos, uma vez que mulheres no período gestacional necessitam de instruções e suporte específicos em relação à saúde bucal. “Neste período, alguns fatores como: deficiências nutricionais, altos níveis hormonais e a presença de placa bacteriana podem causar, frequentemente, mudanças no aspecto gengival da mulher”, conclui.

A doença periodontal 

A doença periodontal é uma doença imuno-inflamatória infecciosa oral comum, que ocorre nas gengivas as gengivites e nos tecidos de suporte dentário ao redor dos dentes as periodontites, pode ser considerada a segunda patologia bucal mais prevalente no mundo. Constitui-se basicamente, de um processo inflamatório bacteriano no tecido periodontal, resultado do acúmulo de placa bacteriana na superfície externa do dente. Sua ocorrência está relacionada à dificuldade de acesso aos serviços de saúde, baixas condições socioeconômicas e hábitos prejudiciais à saúde,  como: tabagismo, alcoolismo, dieta rica em carboidratos e higiene oral deficiente. Os problemas periodontais são considerados doenças polimicrobianas crônicas e, tais infecções, são determinadas pela interação entre microrganismos e fatores ambientais, comportamentais, imunológicos ou hereditários do hospedeiro, causando uma resposta inflamatória dos tecidos periodontais.

Sobre o Instituto e Centro de Pesquisas São Leopoldo Mandic

O Instituto e Centro de Pesquisas São Leopoldo Mandic, em Campinas, foi constituído em janeiro de 2004, sem fins lucrativos, para realizar pesquisas na área de saúde, desenvolvimento de novas tecnologias, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnico-científicos, fomento à capacitação e treinamento de pesquisadores.

Conta com laboratórios de Cultura de Células, Microbiologia, Ensaio de Materiais, Patologia e Imunohistoquímica, Biologia Molecular e Terapia Celular, todos equipados com recursos de última geração. Até dezembro de 2018, foram 981 artigos publicados em revistas científicas indexadas em diferentes bases de dados, como PubMed e Scielo. O Laboratório de Patologia Bucal emitiu, gratuitamente, mais de 26 mil laudos de biópsias provenientes de tecidos da região, sendo 1.657 de carcinomas e 125 de outras neoplasias malignas, atendendo não só pacientes da região como de outros estados do Brasil e atualmente, recebe também material proveniente da África, especificamente de Angola.

Os recursos financeiros do Instituto e Centro de Pesquisas São Leopoldo Mandic para a realização de suas pesquisas são obtidos por meio de fomento direto pela Faculdade São Leopoldo Mandic, parcerias e convênios com empresas, contribuição de associados e em especial por fomentos obtidos pelos docentes do Centro através dos órgãos públicos como CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).