O envelhecimento é um processo. Nós nascemos, crescemos e chegamos à chamada “terceira idade”. Em determinado momento, a maioria de nós vai vivenciar essa última etapa da vida. Disso tudo, temos certeza!
Você sabia que em 1º de outubro é comemorado o Dia Internacional da Pessoa Idosa? E, também, que a Faculdade São Leopoldo Mandic oferece cursos que preparam profissionais focados nos cuidados voltados a esse público? A ideia, tanto da data como das capacitações, é chamar a atenção da sociedade, bem como dos profissionais, em relação à forma de tratar esse público que está cada vez mais longevo.
No Brasil, a população ainda é relativamente jovem. Por aqui, os cidadãos são considerados idosos a partir dos 60 anos de idade. Nos países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, ao completarem 65 anos. E não para por aí: alguns países da Europa, reclassificaram a idade para o idoso ser considerado em categorias acima de 65 anos. A Itália, recentemente, estabeleceu tal título a partir dos 75 anos, por lá. O que possibilita as rotulagens são as condições de vida e saúde de cada lugar. Para isso, o país precisa estar preparado para lidar com esse processo de envelhecimento populacional.
Em nosso País, este cenário começou a mudar também, uma vez que a expectativa de vida está aumentando em todo o território e o número de idosos crescendo em relação ao de crianças. Nossa população está envelhecendo e, infelizmente, a sociedade e a estrutura de saúde local não estão preparadas para essa transformação na pirâmide etária.
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2030 o Brasil vai ser o sexto País mais populoso em relação ao número de idosos. “Isso significa que temos um período curto para preparar a população que irá vivenciar este momento tão singular”, alerta a Dra. Arlete Maria Gomes Oliveira, odontóloga, doutora em Saúde Coletiva, especialista em gerontologia e coordenadora do curso de Especialização em Gerontologia e Geriatria da Faculdade São Leopoldo Mandic.
São vários os fatores que levam ao fenômeno do envelhecimento populacional no Brasil e no mundo, resultando nesse aumento da expectativa de vida. Entre eles, estão: os avanços da tecnologia e da medicina, o número reduzido de nascimentos, o fato de as famílias estarem mais compactas, entre outros. “O novo idoso é bem diferente de 30 ou 40 anos atrás. Hoje vemos pessoas com 60, 70 anos, que parecem ter bem menos idade, ativas e saudáveis. “Tudo isso tem a ver com o estilo de vida de cada um, porque o envelhecimento é ‘individual’”, reforça a coordenadora.
Foco na qualidade de vida
Envelhecimento ativo: você ainda vai ouvir, e muito, esse termo. Trata-se de uma política criada em 2005, pela OMS – Organização Mundial da Saúde, que se baseia em três pilares: saúde, nas dimensões física, psicológica e social; segurança, de uma forma geral, que o idoso precisa ter; e participação, mantendo a autonomia e a independência.
“O que se espera com um envelhecimento ativo é, principalmente, chegar aos 60, 70, 80 anos de idade, ou mais, com qualidade de vida, de formas saudável e ativa, com autonomia e independência preservadas, se possível. Em 2015, o Centro Internacional da Longevidade no Brasil, coordenado pelo Dr. Alexandre Kalache, criou um novo pilar, que é a aprendizagem ao longo da existência, que tem a ver com o aumento da expectativa de vida e as transformações do trabalho, proporcionando mais engajamento do idoso na sociedade”, conta Oliveira.
Feminilização do envelhecimento
Um outro detalhe interessante é que existe uma feminilização do envelhecimento, globalmente. Isso porque mais mulheres do que homens chegam a uma idade considerada avançada. “A expectativa de vida feminina está em torno de 72 anos, enquanto a masculina é de 69, aproximadamente”, explica a coordenadora.
No Brasil, como na maioria dos países, o aumento na expectativa de vida tem sido mais significativo para o sexo feminino. Alguns fatores são colaborativos, como, por exemplo: hábitos menos agressivos, mais atenção e conhecimento em relação ao seu estado de saúde, maior utilização dos serviços de saúde, menos consumo de tabaco e álcool, além dos hormônios femininos, que atuam como protetores cardiovasculares.
Preconceito existente
Algumas pessoas têm tanta vergonha do envelhecer, que negam a idade, e isso se dá pelo estigma que a palavra “velho” carrega. O preconceito ao idoso, denominado de “etarismo” é tão forte, que influencia o modo como o indivíduo em questão é tratado na sociedade de uma forma geral, com comportamentos desrespeitosos, que, inclusive, se iniciam na infância, no próprio ambiente familiar, entre avós e netos, sendo estes, muitas vezes, causadores de bullying. Trata-se de um dado muito triste, que entrou para as estatísticas da violência contra os mais velhos. Por isso, o respeito a esse público precisa ser melhor trabalhado na sociedade.
Geriatria X Gerontologia
Provavelmente você já escutou esses dois termos. Mas sabe qual é a diferença entre eles?
A Geriatria é uma especialidade médica, que abrange os conhecimentos em torno do diagnóstico e do tratamento das doenças que comprometem a saúde do indivíduo que está em processo de envelhecimento.
Já a Gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento humano nas suas dimensões fisiológicas, psicológicas e sociais. Tem caráter multiprofissional, agregando profissionais das ciências biológicas e da saúde, das ciências exatas, das ciências humanas e sociais aplicadas, inter-relacionando esse público aos contextos socioeconômico, cultural e ambiental.
Uma profissão apaixonante
Mais do que tratar a doença, é importante entender o idoso em sua integralidade, considerando seus valores, suas preferências etc. “Inclusive a relação que ele tem com os familiares, e em quais contextos – social, econômico e cultural – ele vive. Para esse paciente é preciso, também, oferecer mais cuidados em relação às medicações, aos possíveis efeitos colaterais, e às alterações fisiológicas provenientes do envelhecimento”, analisa o Dr. Christian Makoto Ito, médico geriatra e professor da Faculdade São Leopoldo Mandic.
Ainda segundo ele, a especialidade é apaixonante por conta da troca de experiências e das várias histórias a serem contadas. “Na maioria das vezes, eles têm muito mais a nos ensinar do que o contrário. Isso torna a geriatria única.”
E o também médico geriatra e professor da Faculdade São Leopoldo Mandic, Dr. José Nuncio Mammana, reforça o grande desafio: a formação de bons médicos na área da geriatria, o que está diretamente ligado à educação. “Devemos sensibilizar a população universitária, pois é esse público que vai gerar políticas públicas pensadas na qualidade de vida da pessoa idosa. Afinal, trata-se de um ciclo muito importante da vida, que envolve conhecimento, experiências e altíssima capacidade mental. Todo mundo tem um idoso na família. Por isso precisamos formar e educar bem sobre o assunto, desde a infância”, analisa.
Cursos focados no idoso
Na Faculdade São Leopoldo Mandic, os alunos dos cursos de Medicina e Odontologia têm contato com o tema na Graduação, nas diversas disciplinas que, de alguma forma, abordam o envelhecimento humano, seja na odontogeriatria, na geriatria, na atenção primária – especificamente na saúde do idoso –, bem como nas matérias de NFG, que trazem o olhar das ciências humanas, com foco na humanização do cuidado.
E os profissionais já formados podem se especializar e aprofundar seus conhecimentos sobre envelhecimento no curso de Especialização em Gerontologia e Geriatria, oferecido pela Instituição, com uma abordagem multiprofissional.
A melhor forma de lidarmos com as questões do envelhecimento, combater o etarismo, e fomentar o respeito, é disseminando informações pertinentes ao tema, a fim de fazer com que a população, de maneira geral, tenha conhecimento sobre a velhice.