O uso do microscópio operatório (MO) melhora a iluminação e a magnificação do campo operatório auxiliando remoção de cárie e identificação de trincas e fraturas radiculares.
O microscópio operatório trata-se de um equipamento capaz de otimizar o tratamento endodôntico através da magnificação e iluminação. Um estudo realizado na Faculdade São Leopoldo Mandic buscou compreender os principais motivos que impossibilitam o uso do microscópio operatório entre os endodontistas brasileiros.
Do ponto de vista clínico, são muitos os benefícios do uso deste equipamento. A iluminação e magnificação do campo operatório, ajuda a qualificar o tratamento em diferentes etapas: remoção de cárie, acesso às cavidades da boca, remoção da câmara pulpar, localização dos condutos e até a identificação de trincas e fraturas radiculares. O microscópio permite ainda melhor visualização do campo operatório, permitindo ao profissional uma melhor postura ergonômica.
Apesar destes benefícios, o estudo encontrou realidades bem distintas, alguns profissionais dispõem de diversas tecnologias, outros, pela motivação financeira em especial não possuem os mesmos recursos. E enquanto a produção científica brasileira em Endodontia é classificada por ter o maior índice de publicações nas duas maiores revistas da área, o acesso global dos endodontistas à tecnologia atual é desconhecido.
Participaram deste estudo 250 profissionais da área da Odontologia, que responderam a um questionário com 10 perguntas sobre conhecimento e uso do microscópio operatório, dos quais, 63,2% responderam de maneira negativa sobre o uso do MO. E destes, 55,1% apontou como custo elevado a razão para não utilizarem o equipamento, e 34,8% indicaram não ter consultório próprio como razão. O estudo destacou ainda que diferentemente de outros países, no Brasil não é obrigatório o conhecimento e treinamento do uso do microscópio operatório. Essa diferença entre os programas aliado a realidade sócio econômica podem justificar a discrepância nos resultados. O custo médio deste tipo de aparelho varia entre R$ 12.000,00 (modelo básico e nacional) até R$ 110.000,00 (acessórios de documentação, iluminação especiais e importados).
Vale ressaltar ainda outro resultado do presente estudo, 80% dos endodontistas com idade superior a 61 anos atestaram fazer uso do microscópio, enquanto apenas 18,5% dos profissionais com idade inferior a 30 anos indicaram fazer uso do aparelho. Um dado que pode ser explicado pela crescente necessidade de melhor visualização com o envelhecimento. Estes índices permitiram o pesquisador concluir que a falta de um consultório próprio, um alto custo do equipamento, longa curva de aprendizado e a realidade socioeconômica do país são os principais fatores para o baixo uso de um aparelho que traz tantos benefícios na realização de procedimentos endodônticos.
Sobre o Instituto de Pesquisas São Leopoldo Mandic
O Instituto de Pesquisas São Leopoldo Mandic, em Campinas, foi constituído em janeiro de 2008, sem fins lucrativos, para realizar pesquisas científicas na área de saúde. Iniciou com pesquisas na área odontológica, expandiu para a área de saúde, além do desenvolvimento de novas tecnologias, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnico-científicos, fomento à capacitação e treinamento de pesquisadores.
Conta com laboratórios de Cultura de Células, Microbiologia, Ensaio de Materiais, Patologia e Imunohistoquímica, Biologia Molecular e Terapia Celular, todos equipados com recursos de última geração. Até dezembro de 2018, foram 981 artigos publicados em revistas científicas indexadas em diferentes bases de dados, como PubMed e Scielo. E o Laboratório de Patologia emitiu, gratuitamente, mais de 24 mil laudos de biópsias provenientes de tecidos da região da cabeça e pescoço, sendo 1.542 de carcinomas e 125 de neoplasias malignas.
Os recursos financeiros do Instituto de Pesquisas São Leopoldo Mandic são obtidos por meio de parcerias e convênios, financiamentos de órgãos públicos, contribuição de associados e terceiros e recebimento de patentes. Dentre os principais parceiros, destacam-se CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).