Algumas pesquisas têm demonstrado que a aparência física do odontopediatra e do ambiente do consultório odontológico podem ajudar a estabelecer uma relação positiva entre o dentista e a criança. Entretanto, os resultados destes trabalhos ainda são controversos.
A professora e pesquisadora da São Leopoldo Mandic, Luciana Butini Oliveira, e a aluna egressa do curso de Doutorado, Regina Mota de Carvalho, desenvolveram a pesquisa “Percepção de crianças sobre a aparência do dentista e do ambiente do consultório odontológico: meta-análises”, que foi apresentada no 27º Congresso da IAPD (International Association of Paediatric Dentistry), realizado em Cancún, no México, no período 3 a 7 de julho de 2019.
Segundo Luciana Butini, “o fato de não haver um consenso na literatura sobre a percepção de crianças sobre a aparência do dentista e do ambiente do consultório odontológico, motivou a realização de uma revisão sistemática sobre o assunto. Foram realizadas buscas bibliográficas sobre o tema em 9 bases de dados até dezembro de 2018. Dos 1504 estudos encontrados na literatura, apenas 19 se enquadraram no objetivo e nos critérios de inclusão do estudo e foram considerados na revisão sistemática.
“Surpreendentemente, a maioria das crianças prefere o dentista usando avental branco em comparação aos aventais com motivos infantis”, diz Butini. “Entretanto, elas preferem um consultório decorado com livros, brinquedos, aquário, etc. Estes resultados podem ajudar os dentistas e equipe a decidir o design apropriado da clínica odontológica pediátrica, incluindo a sala de espera, a fim de proporcionar um ambiente odontológico mais confortável ao atendimento infantil”, esclarece. No entanto, é fundamental mencionar que, de acordo com os estudos avaliados, as percepções de crianças e adolescentes podem ser diferentes.
“Um consultório odontológico, especialmente decorado para crianças, pode distraí-la e até mesmo reduzir os níveis de ansiedade. Em relação ao uso de avental branco, nossos resultados demonstraram que pode haver um “equívoco” em relação ao fato de as crianças terem medo avental branco”, explica a pesquisadora da São Leopoldo Mandic. No entanto, estudos futuros são encorajados comparando diferentes faixas etárias para testar a influência de grupos etários na preferência pela vestimenta do dentista. Além disso, outros fatores como níveis de ansiedade, personalidade da criança, experiências em tratamentos anteriores, nível socioeconômico e aspectos culturais devem ser considerados para uma melhor compreensão das percepções das crianças e adolescentes.
O trabalho foi realizado em cooperação científica com o Centro Brasileiro de Pesquisas Baseadas em Evidências (COBE) da Universidade Federal de Santa Catarina.