Um bate-papo informal e cheio de conhecimento. Dessa maneira foi a Live “Bibo – Controle de riscos biológicos em tempos de pandemia”, realizada ontem, dia 18, no canal da SLMANDIC no Instagram. A apresentação foi vista por cerca de 1.000 pessoas, e comandada pelos Profs. Drs. José Luiz Cintra Junqueira, Marcelo Napimoga e Victor Montalli.
Junqueira, Diretor-geral da Faculdade, foi quem abriu o evento, dizendo que a pandemia pegou muita gente de surpresa, mas que somos inteligentes e não podemos deixar um vírus nos vencer por estarmos com medo. Ele falou, ainda, que o cirurgião-dentista não está entendendo, mas que vai aumentar, e muito, o número de pacientes, uma vez que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde.
Pesquisa e proteção
Montalli, um dos responsáveis pelas pesquisas voltadas à biossegurança na Faculdade, enfatizou que a utilização de máscara comum e a lavagem das mãos são bem eficientes para o dia a dia, pelo fato de a COVID-19 ser um vírus envelopado e com lipídios, que se desintegra quando em contato com água e sabão. “O ambiente odontológico, porém, é mais crítico, por causa das gotículas e dos aerossóis, que ficam no ar por tempo indeterminado”, compara.
Pensando nisso, alguns professores da SLMANDIC estão trabalhando, incansavelmente, com pesquisas que podem gerar novas soluções voltadas à proteção. Foi aí que surgiu a BIBO – Barreira Individual de Biossegurança Odontológica, que consiste em um bastidor com filme de PVC e tecido TNT acoplados a ele. Os testes mostraram que o dispositivo reduz os riscos de contaminação vinculados às gotículas e aos aerossóis dos consultórios odontológicos em até 94%.
“Vi a ideia na internet, e pensei: é isso que vai fazer o dentista voltar a atender. Vamos testar! Os resultados foram tão animadores, que a pesquisa foi aceita e publicada pela RGO – Revista Gaúcha de Odontologia. Trata-se de uma preliminar, in vitro, mas de uma alternativa muito interessante”, comemora Montalli.
Testes em laboratório
Para a realização dos testes, foi criada uma situação extrema: uma solução contendo lactobacilos casei Shirota – bactéria segura para os humanos – foi colocada, em grandes quantidades, no compartimento onde geralmente fica a água do equipo. Ao mesmo tempo, placas de Petri com Ágar MRS foram espalhadas pelo ambiente, nas seguintes distâncias: 0,5 metro, 1 metro, 2 metros, 3 metros, 4 metros, e também em cima da luminária.
“Quando estava tudo organizado, ativamos a alta rotação, durante 1 minuto, e as bactérias voaram pelo ambiente. Além disso, deixamos as placas abertas por 15 minutos, que é o tempo crítico da dispersão de gotículas e aerossóis, segundo a literatura”, conta.
Vale pontuar que os testes foram repetidos em variados tempos de dispersão: 15, 30, 45 e 60 minutos. Embora o acúmulo de bactérias tenha sido mais evidente nos primeiros 15 minutos, e também nos locais mais próximos da atividade em questão, os demais períodos e locais não se apresentaram totalmente isentos do micro-organismo.
Lembrando, ainda, que os testes foram realizados em bactérias e não em vírus, mas que logo a SLMANDIC apresentará novidades.
Mais informações sobre a Bibo
– O spray gera algumas gotículas no plástico instalado no dispositivo, mas não o embaça. A dica é colocar o equipamento um pouco mais distante da face do paciente, para não molhar o TNT.
– O material descartável que envolve o bastidor precisa ser comprido, a fim de ampliar a proteção.
– Substituir o plástico por acrílico não é uma alternativa, pelo fato de que a segunda opção não é descartável, o que foge à segurança.
Prevenção nunca é demais
É necessário destacar que, mesmo com todas as medidas de segurança, o risco ainda existe. Por isso é importante agir como se as pessoas no geral estivessem infectadas. E mais: a BIBO não substitui os EPIs, e é preciso descartar o PVC e o TNT acoplados a cada troca de paciente, para evitar contaminação cruzada. E, logicamente, é fundamental desinfetar o bastidor com os mesmos produtos de higienização utilizados para as superfícies do consultório.