Pesquisador da SLMANDIC criou um kit de brocas expansoras que dispensa o uso de martelos e outros instrumentos que podem causar desconforto ao paciente

É comum o implantodontista se deparar com pouca estrutura óssea nos maxilares dos seus pacientes para instalar implantes. Um dos motivos dessa perda óssea é decorrente da periodontite, que é uma inflamação que acomete os tecidos que sustentam os dentes. O cirurgião-dentista pode reconstruir o osso perdido, expandindo-o para as laterais. Para isso, ele usa alguns instrumentos que causam desconforto nos pacientes, ou faz enxertos com biomateriais, que elevam os custos do tratamento reabilitador com implante.

Uma patente, desenvolvida na Faculdade São Leopoldo Mandic, pelo implantodontista Dr. Bruno Giacomini, em seu projeto de mestrado, viabiliza a expansão óssea lateral por meio de brocas expansoras, que dispensam o uso do martelo e a realização de enxertos ósseos em bloco.

A broca criada por Giacomini entra no osso fragilizado por uma fenda, gira lentamente e faz com que as paredes ósseas se afastem para os lados, o que facilita a colocação do implante. No mercado já existem alguns dispositivos semelhantes, como, por exemplo, os expansores rotatórios. Porém, eles são feitos para serem usados com uma catraca ou adaptadores de contra-ângulo.

“A ideia da patente surgiu por causa dos questionamentos dos meus pacientes. Eles me perguntavam como alguém ainda não havia pensado numa maneira de eliminar o uso do martelo, diante de tantas inovações tecnológicas”, conta o pesquisador. Ele afirma que analisou os materiais existentes no mercado, e percebeu que o que importa é a parte lisa da ferramenta, onde as roscas estão inseridas. É essa parte lisa que faz a expansão do osso, e não a rosca. “A rosca apenas guia a penetração da parte lisa do dispositivo expansor no osso. Essa parte lisa deve ser cônica para expandir o tecido”.

O implantodontista avalia que a patente criada por ele pode corrigir alguns problemas nas técnicas existentes com expansores convencionais, tais como desvio do eixo de perfuração inicial do osso e modificação do espaço tridimensional protético.

“Desenvolvemos um expansor no formato de uma broca que faz um movimento contínuo, que não oscila durante as rotações. Ela tem uma rotação constante retilínea, não fica chicoteando”. Ele explica que essa ferramenta pode melhorar as técnicas já existentes, como a Ridge Split – que classicamente utiliza martelo e cinzel para possibilitar a expansão óssea e a colocação do implante.

“Essa patente pode tornar o implante menos invasivo e traumático, viabilizando tratamentos de excelência com o menor desconforto possível para os pacientes”, avalia a professora Dr.a Daiane Peruzzo, da Faculdade São Leopoldo, que orientou o projeto de mestrado de Giacomini.

Protótipo

 
Um protótipo foi produzido com brocas de várias espessuras, para que possam ser usadas de acordo com a necessidade do implantodontista. Giacomini explica que, embora a patente já tenha sido registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), ainda não surgiu a oportunidade de produzir o kit em larga escala. “Preciso fazer algumas melhorias, além de elaborar e divulgar um protocolo de uso para que as brocas expansoras sejam usadas da forma correta, sem danos ou intercorrências durante o procedimento cirúrgico”.